Por Silvério Filho
No dia 15 de agosto, em todo o mundo, os católicos celebram o dogma da Assunção de Nossa Senhora. No Brasil, porém, com autorização da Santa Sé, a CNBB transferiu a festa para o domingo seguinte. Deste modo, neste ano, a comemoração ocorre hoje (16). Mas afinal, o que é o dogma da Assunção de Maria?
A Igreja Católica ensina que Maria chegou de fato a morrer, mas, por Graça de Deus, seu corpo não experimentou a corrupção (não se degradou fisicamente), sendo ressuscitada de corpo e alma, e elevada para o Céu. Assim, nas palavras de Pio XII, a Assunção é uma participação singular de Maria na Ressurreição de Cristo e uma antecipação na ressurreição dos outros cristãos.
A Assunção seria, nesta perspectiva, a consequência lógica do dogma da Imaculada Conceição, no qual a Igreja ensina que embora tenha sido fruto da relação sexual de São Joaquim e Sant'Anna, Deus preservou Maria da mancha do Pecado Original. Como consequência, ela não teria a inclinação para o pecado que todos nós humanos temos.
Como todos os demais dogmas, a concepção sem pecado encontra sustento tanto na Bíblia quanto na Tradição Apostólica [2], sendo Maria cheia de graça (Lucas 1,28), de modo que Santa Isabel se referiu a ela como bendita, utilizando o mesmo adjetivo o qual se referiu a Cristo (Lucas 1,42).
A ausência do pecado em Maria, porém, não decorre de méritos próprios, mas sim da Divindade de seu Filho. Jesus, pelo mistério da união hipostática [3], é perfeitamente homem e perfeitamente Deus. Sendo Deus, só poderia ser gerado num local digno Dele. Assim como a Arca da Aliança, no Antigo Testamento, ficava num local denominado Santo dos Santos[4], a Nova Aliança, personificada em Cristo, deveria ser gerada num ventre santo, sem pecado, digno de portar o Redentor do Mundo.
Deste modo, o assumir que Jesus é Deus, assumimos que foi gerado num ventre santo, concebido sem pecado, portanto. Se era santo, sem pecado, algo não conseguido por ninguém senão Cristo, tal ventre não poderia ser consumido pelos vermes da terra, não poderia se corromper. Assim o sendo, foi para honrar a Divindade de Cristo, que Deus ressuscitou Nossa Senhora e a elevou para o Céu, não permitindo que a Arca na qual foi gerada o Salvador sucumbisse à corrupção.
Portanto, são perfeitamente lógicos os ensinamentos da Igreja, que interpreta sistematicamente a Revelação (Bíblia + Tradição Apostólica), ao ver no livro do Apocalipse a descrição da Assunção de Nossa Senhora: "E abriu-se no céu o templo de Deus, e a arca da sua aliança foi vista no seu templo; e houve relâmpagos, e vozes, e trovões, e terremotos e grande saraiva. E viu-se um grande sinal no céu: uma mulher vestida do sol, tendo a lua debaixo dos seus pés, e uma coroa de doze estrelas sobre a sua cabeça." (Apocalipse 11, 19; 12,1)
Por todo o exposto, chega-se à conclusão clara de que os dogmas marianos proclamados pela Igreja não visam outra coisa senão proclamar o mais fundamental dos preceitos cristãos: o de que Cristo é Deus. [5]
Referências
[1] https://www.youtube.com/watch?t=22&v=85pA09GbMl0
[2] Para os católicos, a Palavra de Deus é formada pela Bíblia e pela Tradição Apostólica, guardada pela Igreja, "coluna e sustentáculo da Verdade (1 Timóteo, 3, 15), nestes 2 mil anos de existência. Diferentemente pensam os cristãos protestantes, para quem a plenitude da Revelação encontra-se disposta na Bíblia.
[3] https://padrepauloricardo.org/episodios/o-que-e-a-uniao-hipostatica
[4] http://cleofas.com.br/a-arca-da-alianca/
[5] http://ocatequista.com.br/archives/10790