Por Silvério Filho
Chegou ao Blog, por meio de uma fonte de alta credibilidade, o relato de que uma senhora, ao andar por uma rua do Bairro Santos Dumont, em nossa cidade, à tardinha, foi abordada por dois garotos. Na ocasião, o da frente apontou o dedo indicador para ela e disse: "Isso é um assalto!". A senhora respondeu: "Menino, largue de brincadeira, vá rezar". O garoto revidou: "Tou falando sério! Eu não tenho arma, mas o meu amigo aqui de trás tem!". O companheiro do que falava, neste momento, se encontrava com as mãos atrás das costas. Após a senhora muito pedir, dizendo que não tinha nada ali, os garotos foram embora. Ela, entretanto, ficou lá, estática diante da situação de estresse e medo que acabara de passar.
Este acontecimento, que mesmo não tendo findado em algo pior não deixa de ser grave, tem força de nos fazer refletir sobre a situação não só da insegurança em nosso país (e mais especificamente em nossa cidade) como também o caminho que estão trilhando os nossos jovens, desde crianças, como foi o caso deste ocorrido.
O tema é complexo demais e, se abordado a fundo, para continuar fidedigno, teríamos que "beber" na fonte de áreas do conhecimento diversas, mas creio ser possível fazermos uma reflexão básica. Comecemos por alguns questionamentos: onde estavam os pais daquelas crianças? Como aqueles pais as educaram? Será que eles têm pais? Será que vão à escola? Que história será que há por detrás daquelas pequenos futuros homens para agirem de maneira tão errada, tão agressiva contra aquela senhora, que nada tinha a ver com aquilo?
Não estou defendendo a conduta dos garotos. Em verdade, não pretendo nem justificá-la: eles estão, sim, errados, e tal ato deve ser sempre combatido. Porém penso que temos que investigar também os fatos que deram causa a conduta, uma vez que de nada adianta combatermos tal comportamento se novas crianças continuarem a repeti-lo: será uma luta crônica e eterna.
Por tudo isso, acredito que as causas deste tipo de transtorno são diversas e complexas, de modo que as soluções, provavelmente, também o são. Porém, penso que possamos, ainda que aos poucos, ir resolvendo esse problema, encabeçados por programas de assistência social, fortalecimento dos vínculos familiares, uma educação pública de maior qualidade e, uma vez que os menores não podem ser punidos pela força do Direito Penal, devemos procurar a punição dos adultos que instigam ou até induzem crianças ao cometimento de tais delitos.