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Por Silvério Filho (estudante de Direito) |
Rotineiramente, em tempos políticos, ouve-se muito falar de dinheiro, que fulano só ganha se tiver "grana" um dia antes do pleito, que sicrano vai virar na reta final porque sabe gastar, dentre outros argumentos lamentáveis. Dessa maneira, há, principalmente nas cidades interioranas, uma cultura equivocada de tratar esse fenômeno como algo natural (ou até necessário) para a manutenção da prática política.
O mais triste é que por muito tempo o povo internalizou essa realidade, tomando-a como absoluta, e deixando-a influenciar na escolha do voto. Entretanto, creio que poderíamos fazer algumas contestações sobre os argumentos do parágrafo anterior. Por exemplo: de que maneira o dinheiro poderia ser usado de forma tão decisiva nas vésperas das eleições? Após uma certa reflexão, creio que a resposta mais plausível seria a compra de votos. Mas compra de votos não é crime? Político que comete crime desse tipo não é corrupto? Qual a ética que permite um eleitor se vangloriar, para os quatros cantos, que vota num corrupto?
Nesse tipo de estratégia ainda há um agravante: muitas são as vezes em que se aproveitam da fome e outras necessidades de uma pessoa, que a torna frágil, para trocar-lhe o voto por dinheiro. Esse tipo de prática não respeita a dignidade da pessoa necessitada, cuja situação impede de refletir conscientemente. Além do mais, é um ato fora da lei, que deveria ser repugnado por todos nós.
Sabendo disso, por que não fazermos diferente neste pleito? Creio que seria uma ideia interessante que os candidatos, independente de partidos ou coligações, realmente se comprometessem a não comprar votos (não adianta só falar). Sei que seria algo difícil, tendo que que alguns, na falta capacidade argumentativa ou demostrativa, teriam esse recurso ilícito como carro chefe. Mas seria uma experiência enriquecedora para todos os municípios.
Entretanto, tendo ciência da potencial inviabilidade desta proposta, pelos motivos já mencionados, seria também interessante que nós eleitores fizéssemos uma forte reflexão e quebrássemos com esse sistema de corrupção que persevera há tempos em nosso país. Se assim procedermos, acredito que poderíamos viver uma nova sociedade, menos corrupta, mais sincera, sem precisar enganar aos outros e a nós mesmos. Está lançado o desafio...